HABEMUS PAPAM

13 Mar

NOVO PAPA

Perante uma boa parte do mundo suspenso e focado nos balcões da sacada principal do Palácio Apostólico do Vaticano, a Igreja Católica confirmou às 20h14 (16h14 de Brasília) desta Quarta-Feira, dia 13 de Março de 2013, quem é seu novo papa: o cardeal jesuíta Jorge Mario Bergoglio, 76 anos de idade, natural da Argentina, foi o escolhido para suceder ao Papa Emérito Bento XVI no conclave, que começou na terça-feira (dia 12) e terminou hoje, às 19h07 (15h07 de Brasília), quando o fumo branco da Capela Sistina ocupou a praça São Pedro, após cinco escrutínios dos cardeais reunidos neste conclave. Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, a 17 de Dezembro de 1936.
O nome do novo papa foi revelado após o famoso “Anuntio vobis gaudium, Habemus Papam”, feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran. O nome papal escolhido pelo cardeal Bergoglio é Francisco I.
Realmente, e para surpresa dos católicos e do mundo, o Papa Francisco I será o primeiro sumo-pontífice latino-americano da história da Igreja Católica, apesar de ser descendente de italianos.
Jorge Mario Bergoglio foi ordenado sacerdote a 13 de Setembro de 1969. O jesuíta foi nomeado bispo titular de Auca e, auxiliar de Buenos Aires, pelo papa João Paulo II a 20 de Maio de 1992. No mesmo ano, ele foi confirmado como bispo titular da capital argentina, a 27 de Junho. A nomeação como arcebispo também foi feita por João Paulo II, a 3 de Junho de 1997. Chegou à dignidade de cardeal pelas mãos do mesmo papa a 21 de Fevereiro de 2001.
Tal como muita gente sabe, os jesuítas eram padres da Igreja Católica que faziam parte da Companhia de Jesus. Esta ordem religiosa foi fundada em 1534 por Inácio de Loiola. A Companhia de Jesus foi criada logo após a Reforma Protestante (século XVI), como uma forma de impedir o avanço do protestantismo no mundo. Portanto, esta ordem religiosa foi criada no contexto da Contra-Reforma Católica. Os primeiros jesuítas, por exemplo, chegaram ao Brasil no ano de 1549, com a expedição de Tomé de Souza.
Alguns dos objectivos dos jesuítas:
– Levar o catolicismo para as regiões recém-descobertas, no século XVI, principalmente à América;
– Catequizar os índios americanos, transmitindo-lhes as línguas, portuguesa e espanhola, os costumes europeus e a religião católica;
– Difundir o catolicismo na Índia, China e África, evitando o avanço do protestantismo nessas regiões;
– Construir e desenvolver escolas católicas em diversas regiões do mundo.
A ordem dos jesuítas foi extinta pelo papa Clemente XIV, no ano de 1773. Todavia, no ano de 1814, ela voltou a ser acolhida pela Igreja Católica, graças ao papa Pio VII.
Com a intenção de aqui registar um pouco sobre o significado cabalista do nome FRANCISCO, para que possam os leitores e subscritores antecipar o que poderá ser o pontificado deste novo papa, aqui fica pois uma breve avaliação do nome escolhido:
SIGNIFICADO DO NOME FRANCISCO – A SUA MARCA NO MUNDO – AMOROSA, RESPONSABILIDADE, FRANQUEZA, FACILIDADE DE ADAPTAÇÃO, SERENIDADE!
A pessoa de personalidade – 6 – transmite desde muito cedo o seu lado afectuoso, muita beleza e harmonia interiores. A sua serenidade passa sempre a impressão de tranquilidade mesmo diante das tormentas. O seu jeito bondoso de ser faz com que todos busquem os seus conselhos. E o senso de justiça é o que faz buscar sempre a verdade.
FRANCISCO – EXPRESSÃO 7
O número da Expressão revela a missão que tem, o que deve fazer ou ser nesta vida, para que atinja sucesso e alcance as suas metas e objectivos. Sempre em busca do saber e da verdade, é alguém cujas coisas do espirito e do “eu” interior fazem muita importância na vida, por isso é estudioso, gosta de filosofia e pesquisas científicas. Estuda para provar e obter respostas sobre o desconhecido. Por ser um tanto solitário as pessoas o consideram distante e estranho mas é difícil não notar a sua presença, pois possui um refinamento inigualável.
É natural das pessoas com – 9 – no número da impressão ter poder, gentileza, compreensão e generosidade para ajudar os mais fracos, os idosos e os necessitados. Levam uma vida com o lema de dar e receber, não têm tempo para parar e pensar quanto são dignos de recompensas ou não.
FRANCISCO – ANSEIOS DA ALMA 7
Não desperdiçará um dia sequer da sua vida, e jamais a sentirá inútil ou sedentária na velhice se viver de acordo com as vibrações deste número. O número 7 dita a busca do conhecimento, da sabedoria e da perfeição. Intuitivo, inspirador e recolhido.
Em suma, aquando da sua surpreendente aparição física como papa na sacada do Vaticano, o novo papa Francisco I logra apresentar-se com uma atitude de humildade nunca dantes vista em tais ocasiões. Curvando-se ante o público que o aplaudia surpreso pela escolha realizada pelos outros cardeais, pediu, simplesmente, que orassem por ele fortemente… Atitude humilde, realmente própria das “Sandálias do Pescador”, que romperá de vez com os protocolos instituídos para essa ocasião. Efectivamente foi inaugurada uma nova era na Igreja Católica!
A questão fundamental agora é esperar, que o Papa Francisco I possa reestruturar, reformar, modificar e restituir a dignidade crística de uma igreja que, ante os fenómenos negativos da modernidade, perdeu há muito a Face Luminosa do verdadeiro Cristo que clama pela Iluminação dos Povos. Esperemos que o cardeal jesuíta, Jorge Mario Bergoglio, agora Papa Francisco I, possa resistir e vencer as sérias complexidades que poderá encontrar na Cúria Romana, nas condições e formalidades institucionais que o catolicismo romano se reveste, para que a sua missão na Terra possa concretizar-se para bem de TODOS!

VIVEMOS NUM MUNDO IMPRUDENTEMENTE PLASTIFICADO, ARRISCADAMENTE VENENOSO E ALTAMENTE MORTÍFERO

4 Mar

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Ligado como estou profissionalmente à saúde individual e colectiva, fico preocupado com os milhões de pessoas ao redor do mundo que recebem anualmente o diagnóstico de cancro. Para além disso, fico incomodado com a informação de que em muitos países do globo a contagem média de espermatozóides caiu pela metade, enquanto a incidência das malformações do sistema reprodutivo masculino aumentou consideravelmente. Fico profundamente abalado por saber, que tais efeitos estão intimamente relacionados com a contaminação do nosso meio-ambiente. Como se não bastasse, fico horrorizado por ter acesso a estudos que permitem conhecer dados sobre os efeitos de determinados produtos químicos industriais na saúde de cobaias, animais selvagens e seres humanos. Esses materiais são suspeitos de actuarem como “disruptores endócrinos” – substâncias que causam distúrbios na síntese, secreção, transporte, ligação, ação ou eliminação de hormonas endógenas e, assim, com o metabolismo, alteram também a diferenciação sexual e a função reprodutiva. E são apontados na literatura como “disruptores endócrinos”, o Bisfenol A, os Ftalatos, os Alquilfenóis, o Dietilestilbestrol, os componentes de filtros solares, os plásticos, os detergentes e outros produtos industriais de ampla utilização nas sociedades modernas.

O diclorodifeniltricloroetano (DDT) foi o primeiro produto químico artificial a ser descoberto como estrógeno, sendo que, em 1949, relatou-se que homens que pilotavam aviões para a aplicação deste insecticida apresentavam baixas contagens de espermatozóides. Também, foi observado que, no lago Apopka (Flórida/EUA), os jacarés sofreram um processo de desmasculinização e infertilidade após um derramamento de DDT. Posteriormente, experiências com animais de laboratório confirmaram que o DDT, que é fracamente estrogénico, ao ser metabolizado transforma-se em 2,2-bis (p-clorofenil) – 1,1-dichloroethileno (DDE), sendo um potente anti-andrógeno.
Em mulheres, a exposição a estrógenos é o principal factor de risco para o desenvolvimento de endometriose, cancro de mama e útero, enquanto a exposição de homens adultos a substâncias estrogénicas, resulta em ginecomastia (neoplasia benigna ou maligna que leva ao crescimento das mamas nos homens, podendo eles, ou não, serem hermafroditas, devido a patologias, geralmente associadas a desequilíbrios hormonais liderados pela síntese das células adiposas) e interferência no funcionamento do sistema glandular associado ao hipotálamo-hipófise-gónadas, resultando na diminuição da libido, impotência, diminuição dos níveis de andrógeno no sangue e diminuição na contagem de espermatozóides. Por exemplo, num amplo estudo epidemiológico realizado nos Estados Unidos, foi encontrada correlação entre a baixa concentração de sémen e o baixo percentual de espermatozóides normais, com os níveis sanguíneos dos metabólitos dos herbicidas “alaclor” e “atrazina”, e do insecticida “diazinon”.

Portanto, substâncias artificiais quimicamente muito diferentes actuam como “disruptores endócrinos”, por isso, é difícil predizer se um material apresentará essa propriedade a partir da sua estrutura química. Alguns exemplos de EDs são: os insecticidas – dieldrin, quepone (clordecone), endosulfan, metoxiclor, toxafeno e diazinon; os herbicidas – linuron, alaclor e atrazina; os fungicidas – vinclozolin, procymidona e procloraz; as bifenilas policloradas (PCBs), as dioxinas e os furanos, entre muitos outros produtos industriais de emprego frequente.

Também, os tão conhecidos filtros de radiação ultravioleta (UV) representam uma nova classe de substâncias ativas com o EDs. Além de protectores da pele, os filtros UV têm sido acrescentados a muitos produtos para conferir-lhes estabilidade à luz, como: cosméticos, perfumes, plásticos, carpetes, móveis, roupas e detergentes em pó. Os materiais que absorvem radiação ultravioleta de onda longa (UVA – 400-315 nm) e de onda média (UVB – 315-280 nm) são acrescentados em concentrações de até 10% aos produtos para a proteção da pele à radiação solar. Dentro das substâncias empregues como protectores frente à radiação UV estão: homosalato (HMS), benzofenona-1 (BP-1), benzofenona-2 (BP-2), benzofenona-3 (BP-3), benzofenona-4 (BP-4), 3-benzilideno cânfora (3-BC), 4-metil benzilideno cânfora (4-MBC) e 4-metoxicinnamato de 2-etilhexila (OMC). Sabendo desta realidade, não será difícil constatar, que os seres humanos podem estar expostos aos filtros UV por absorção dérmica ou através da cadeia alimentar, sendo que, o filtro solar BP-3 e o seu metabólito, 2,4-dihidroxibenzofenona, foram detectados na urina de pessoas, quatro horas após a aplicação dérmica de protectores solares comerciais. Para além disso, de cada seis amostras de leite materno avaliadas, cinco apresentaram resíduos de BP-3 e de OMC em quantidades detectáveis.

Por muitos anos, o “bisfenol A” (BPA) tem sido uma das substâncias químicas de maior produção ao redor do mundo, alcançando 2,7 milhões de toneladas em 2003. É uma matéria-prima industrial empregue na produção de polímeros e como estabilizante em plásticos à base de “cloreto de polivinila” (PVC), presente em muitos itens, como: latas de conserva revestidas internamente com filme de polímero, lentes de óculos, materiais automotivos, mamadeiras, garrafas de água mineral, encanamentos de água de abastecimento, adesivos, CDs e DVDs, etc. A descoberta de que o BPA apresenta actividade estrogénica intensa ocorreu acidentalmente, quando pesquisadores verificaram que, ao serem autoclavados, os tubos plásticos de policarbonato, empregues nas suas experiências, libertavam na água essa substância – que, na concentração de 5,7 ppb, ocasionou estímulo da proliferação de células de cancro de mama. Em experiências realizadas com ratos e camundongos, a exposição fetal ao BPA ocasionou a alteração da morfologia de diversos órgãos dos animais adultos, como útero e vagina, glândulas mamárias e próstata. A exposição contínua (por 24 horas) de células de pâncreas a uma solução contendo BPA (10 ppb), ocasionou a secreção de insulina acima do nível normal 1 e foi observado que, após quatro dias, a administração de BPA (10 g/kg/dia) fez com que ratos adultos desenvolvessem hiperinsulinemia, o que aumenta os riscos de desencadeamento de diabetes melitus do tipo II, e hipertensão. Por último, a administração de BPA nas ratas grávidas e nos filhotes recém-nascidos, induziu-os à obesidade e, também, resultou em mudanças no comportamento (hiperactividade, aumento da agressividade, reação alterada para estímulos de dor ou medo, problemas de aprendizagem e alteração do comportamento sócio-sexual).

Produtos derivados do BPA, como o bisfenol B (BPB), bisfenol F (BPF), bisfenol AD (BPAD), bisfenol AF (BPAF), tetrametilbisfenol A (TMBPA) e 3,3´- dimetilbisfenol A (DMBPA), amplamente empregues como “retardadores de chama” e como aditivos em muitos materiais plásticos, apresentaram significativa atividade estrogénica frente a células do cancro da mama MCF-7, e foram capazes de interferir na atividade hormonal da tireóide.
Os “ftalatos” (ésteres do ácido 1,2-benzenodicarboxílico) representam uma classe de materiais produzidos industrialmente em larga escala. Os mais pesados, como os ftalatos de di – (2-etil) hexila (DEHP), de di-isononila (DiNP) e o de di- isodecila (DiDP), são utilizados em materiais de construção, móveis, roupas e, principalmente, para dar flexibilidade ao PVC. Aqueles com pesos moleculares relativamente baixos, como o ftalato de dimetila (DMP), o de dietila (DEP) e o de dibutila (DBP), tendem a ser utilizados em solventes e em adesivos, tintas, cosméticos, ceras, insecticidas e produtos farmacêuticos e de uso pessoal. O ftalato de benzilbutila (BBP) é um plastificante muito utilizado na confecção de pisos poliméricos, em materiais plásticos à base de celulose, acetato de polivinila, poliuretanas e polisulfetos, em couros sintéticos, cosméticos, como agente dispersante em inseticidas, repelentes e perfumes, entre muitos outros produtos. Devido ao seu amplo emprego, a exposição aos ftalatos pode alcançar tanto pessoas quanto animais domésticos e selvagens, por ingestão, inalação, absorção pela pele ou por administração intravenosa. Brinquedos, mamadeiras e outros utensílios de material plástico representam uma fonte potencial de contaminação das crianças por ftalatos. Em estudos recentes, realizados nos Estados Unidos, foi estimada em 40 a 173 g/kg de massa corporal/dia a quantidade de DiNP absorvida pelas crianças ao colocarem brinquedos e outros materiais plásticos na boca. Bolsas e mangueiras de PVC contendo DEHP são empregues no tratamento de pacientes para a administração intravenosa de fluidos, fórmulas nutritivas, sangue e, também, para a hemodiálise e o fornecimento de oxigénio. Foi descrito que, por exemplo, durante a transfusão de sangue, os pacientes adultos recebem entre 8,5 e 3,0 mg/kg de massa corporal/dia e os recém-nascidos, entre 0,3 e 22,6 mg/kg de massa corporal/dia, de DEHP. Nas águas potáveis de consumo citadino, também pode ser encontrado este tipo de poluente. O nonilfenol foi detectado na água comercializada em garrafas feitas de PVC e de polietileno de alta densidade (PEAD), no leite comercializado em embalagens contendo PEAD, e em amostras de copos descartáveis, pratos e outros materiais plásticos à base de poliestireno ou polipropileno que entram em contato com alimentos. Agentes estrogénicos provenientes da degradação dos APEs, também foram detectados na água de consumo e em efluentes de estações de esgoto, em concentrações suficientes para causar a feminização de peixes.
O dietilestilbestrol (DES) é um agente anabolizante utilizado por pecuaristas para obter aumento na taxa de produção. Um estudo revelou que o consumo de carnes contaminadas por DES (0,006-0,50 M) fez com que o nível de progesterona no sangue das mulheres avaliadas aumentasse, alcançando a concentração de 97,6 nM, quando a concentração normal dessa hormona é de 7,6 a 81,0 nM.

Os riscos na saúde pública levaram a Organização Mundial de Saúde a proibir o uso do DES como promotor de crescimento na criação de animais de abate em 1974. Por exemplo, no Brasil, tal proibição ocorreu apenas em 1991 e, apesar de estar legalmente prevista, tem sido precária a fiscalização das carnes comercializadas no país quanto à presença de resíduos de DES e de outros promotores de crescimento.

Em suma, julgo que os meus leitores e subscritores aceitarão que mais podia aqui acrescentar sobre esta tão extensa como alarmante matéria. Porém, a pergunta que vos deixo é: NÃO É SUFICIENTE A INFORMAÇÃO QUE AQUI VOS DEIXO PARA PODEREM MUDAR O RUMO DAS VOSSAS ESCOLHAS? SINCERAMENTE, PENSO QUE SIM!

Gostaria de aqui registar também, que AS PESSOAS COMUNS TÊM APENAS UM TIPO DE PODER: O “PODER DE COMPRA”!

12 Fev

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OS MUROS OBSCUROS DO VATICANO
A sagrada guerra de poderes ante as “Sandálias do Pescador”

Talvez pouca gente saiba, que o Vaticano está expondo em Roma os documentos do chamado “Arquivo Secreto Vaticano” que, por 400 anos ficaram trancados, tornando-se uma das maiores lendas da história religiosa, cultural e política do mundo. Entre muitos livros, poder-se-á achar documentos como os registos dos interrogatórios que Galileu Galilei foi submetido, neles o físico jura acreditar nos ensinamentos da Igreja Católica para não ser morto como herege.
Voltaire, também, aparece nesses documentos, pois numa sala foram colocadas algumas cartas trocadas entre o filósofo que tinha aversão às religiões tradicionais e o papa Bento XIV com quem ele mantinha uma relação de respeito, acabou caindo num problema diplomático. A amostra tem como curador Marco Maioriano, que explica essa relação entre o papa e o filósofo. “Às vezes, a honestidade intelectual, que nos faz admirar as pessoas pelo que são, choca-se com a necessidade de manter as razões do Estado e as relações institucionais”.
O público pode ter acesso a todo esse material que faz parte da chamada biblioteca do Papa. E, por falar em papa, um pergaminho de sessenta metros de comprimento, também está sendo exposto, no qual encontramos as acusações contra os templários da França, que foram cavaleiros de uma das primeiras e mais conhecidas ordens religiosas. O documento narra os motivos que levaram o papa Clemente V a ordenar a morte de cinquenta e quatro cavaleiros templários, que morreram incinerados na “santa fogueira”.
Mas, em abono da verdade, a minha intensão de hoje é a de evidenciar algumas das muitas “guerras de poder” que existem na cidade do Vaticano, contendas essas que ainda fortemente dominam a maior parte do mundo civilizado e cristão do século XXI, e que nenhum papa, por mais humano e venerado que seja, pode desintegrar ou opor-se sem que lhe possa custar a sanidade mental, lucidez ou a própria vida, tal como aconteceu ao papa João Paulo I.
Perante este texto, muitos leitores julgarão que não gosto do Vaticano ou do Papa; mas não é bem assim. Tão-somente não gosto do que essas duas entidades “sacralizadas” podem representar de obscuridade, de vilanagem, falsidade e de tirania num mundo que busca “luz nas trevas” e que clama por maior justiça e transparência para que os homens e mulheres do planeta possam evoluir, tanto humana como espiritualmente.
Sei que posso ser criticado, vilipendiado, ameaçado e atormentado por vozes e “forças” discordantes e mal-intencionadas, mas, que isso não me tire a lucidez e a firmeza que tenho em escrever o que aqui registo, para todos os que quiserem ler, interpretar, apreender e meditar!
Perante as últimas notícias sobre a demissão do papa Bento XVI, redijo um texto pejado de traições, inconfidências, métodos obscuros que, perpetrados por “soldados do Altíssimo” que lutam pelo poder com armas do “demónio”, revela um mordomo gatuno, um papa doente e um banco poderoso que usa o nome de Deus em vão… A propósito, a detenção do mordomo do papa deixou exposta uma guerra de poder no Vaticano. Na sequência, o poderoso cardeal Bertone, que é Secretário de Estado do Vaticano, enviou para o exílio alguns dos seus colaboradores mais chegados. Enquanto isso, o papa Bento XVI tenta obter uma trégua, mas a luta é encarniçada.
Para que melhor possam entender os leitores a trama última do Vaticano, falemos um pouco do secretário privado do papa. George Ganswein é alemão, tem 57 anos, 1,80 metros de altura, corpo atlético, cabelos louros, olhos claros. Há nove anos é o secretário pessoal de Joseph Ratzinger, e há alguns meses o seu único antídoto contra o ar contaminado do Vaticano. Num certo dia não muito distante, chegou ao seu número de fax – ao qual poucas pessoas têm acesso – uma carta comprometedora dirigida ao papa. Antes que Bento XVI a lesse, monsenhor Ganswein determinou guardá-la no seu pequeno escritório situado adentro do apartamento papal. Efectivamente não convinha que aquela missiva saísse regamboleando por um Vaticano transformado em campo de batalha. Por isso, quando o padre George a viu publicada num livro, com dezenas de documentos secretos, soube imediatamente que o traidor, o “corvo”, a “toupeira”, tinha de ser alguém muito próximo. Alguém da “família”. Assim são apelidados intramuros os que auxiliam de perto o papa. A família pontifícia. A família do papa. Além do padre George, e do outro secretário, o sacerdote maltês Alfred Xuereb, “a família do papa” é composta por quatro laicas consagradas – Carmela, Loredana, Cristina e Rosella -, que é uma freira que o ajuda nos trabalhos de estudo e escrita, sóror Birgit Wansing, e um assistente de câmara, Paolo Gabriele, e o seu fiel Paoletto, o primeiro que há seis anos dá-lhe o bom-dia e o ajuda a vestir-se e a celebrar a missa, acompanhando-o em todas as audiências públicas e privadas, servindo-lhe o café da manhã, o vinho nas refeições e a tisana da tarde, e que, também, o acompanha nos seus passeios pelo jardim do terraço e, ao cair da noite, ajuda-o a despir-se e a ir para a cama.
A noite do dia 22 de Maio foi a última em que o mordomo do papa, Paolo Gabriele, de 46 anos, casado e com três filhos e dupla cidadania – italiana e vaticana -, acompanhou o papa. No dia seguinte, a “Gendarmaria do Vaticano” apresentou-se na sua casa na Via de Porta Angelica, sobre o muro que separa os dois Estados, e o deteve. O segredo foi mantido por dois dias. No entanto, no dia 25, a notícia tornou-se pública: detido o mordomo do papa por revelar e divulgar documentos secretos.
Aos 85 anos, Bento XVI vive isolado no seu Apartamento do Vaticano, encurralado pelas lutas entre os cardeais que tentam ganhar poder antes da celebração do próximo conclave. Ratzinger é um homem idoso e doente, mas é, sobretudo, um homem só. O seu velho amigo e teórico braço-direito, Tarcisio Bertone, o secretário de Estado do Vaticano, afastou-se do papa e, ao mesmo tempo, transformou-se no inimigo a vencer pelos demais cardeais italianos. É acusado de ambição desmedida, de relações perigosas com os poderes fortes de Itália, inclusive de deixar-se influir por “ambientes maçónicos”. O papa, que nos últimos tempos observou com tristeza como o cardeal Bertone demitiu ou enviou para o exílio alguns dos seus colaboradores mais queridos, sempre responde com a mesma frase a quem o aconselha a mudar de secretário de Estado; “Já sou um papa velho…”
O primeiro golpe chega com a divulgação, através de um programa de televisão, de uma carta do arcebispo Carlo Maria Viganò, actual núncio nos EUA, na qual conta ao papa diversos casos de corrupção dentro do Vaticano, pedindo-lhe para não ser removido do seu cargo de secretário-geral do Governatório – que é o departamento encarregado de licitações e fornecimentos. O cardeal Viganò, porém, é enviado para longe de Roma pelo Secretário de Estado, Tarcisio Bertone. Diversas fontes afirmam, que o papa chegou a chorar com essa decisão, mas não se atreveu a contradizer Bertone.
A Cadeira de Pedro continua sendo ocupada por um estrangeiro desde 1978. A um papa polonês (João Paulo II, de 1978 a 2005) sucedeu um papa alemão (Bento XVI, de então até hoje) e, se os cardeais italianos com menos de 80 anos – os que podem participar do conclave – não estiverem atentos poderão perder uma oportunidade de ouro. Actualmente, os cardeais eleitores são 122. Italianos, 30 (menos de um quarto), 11 americanos e 6 alemães. Com a demissão de Ratzinger não o suceder um italiano, na próxima vez será mais difícil. Antes deste último escândalo, já era patente o peso excessivo da Igreja italiana no Vaticano. Praticamente todos os cargos de responsabilidade relacionados às finanças estão em mãos italianas, apesar de os maiores contribuintes serem americanos e alemães. Da mesma forma, embora os EUA, a Ásia e a África sejam mais o presente que o futuro da Igreja Católica, no último consistório, realizado em 18 de Fevereiro passado, não foi nomeado nenhum cardeal africano, mas só um latino-americano.
Voltando à questão do mordomo do papa, a sua detenção ocorreu algumas horas depois de outro facto muito grave. A demissão fulminante de Ettore Gotti Tedeschi, presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o “Banco Vaticano”. A primeira explicação fala em “irregularidades na sua gestão”, mas depois o tom vai aumentando até chegar quase ao linchamento. A primeira explicação oficial critica o economista de 67 anos por “não ter desenvolvido funções de primeira importância para o seu cargo”. A verdade é que o Banco Vaticano está sendo submetido desde Setembro passado a uma investigação judicial por suposta violação das normas contra a lavagem de capitais. Além de Gotti Tedeschi – presidente também do Santander Consumer Bank, a filial italiana do Banco Santander -, a promotoria investiga o director-geral do IOR, Paolo Cipriani. O director mostra-se enfurecido nas suas declarações à imprensa, dizendo: “Prefiro não falar. Se o fizesse, só diria palavras feias. Debato-me entre a ânsia de explicar a verdade e não querer turvar o Santo Padre com tais explicações”. Tedeschi é, ainda, dos poucos que guarda fidelidade ao papa. De facto, foi o próprio Joseph Ratzinger quem o recomendou a Bertone. Eram mais que velhos amigos. O economista, membro do Opus Dei, havia colaborado com o papa na encíclica “Caritas in veritate”. Agora, a colaboração que lhe pedia era mais terrena… E, portanto, mais difícil: resgatar das mãos do “demónio” as contas de Deus. Portanto, o mesmo que “purificar” o Banco Vaticano. Bertone e Tedeschi chocam-se. O economista amigo do papa ameaça demitir-se. O Secretário de Estado adianta-se e demite-o. Mas não se contenta com isso. Em plena guerra de despejos, aparece um documento no qual se ataca o já ex-presidente… O assunto fica em segundo lugar. Toda a atenção agora está concentrada na sorte de Paolo Gabriele. A primeira pergunta é: por que é que fez isso? A segunda: para quem? Roma é tomada por um bando de “corvos” anónimos que se dizem companheiros de Paoletto, que é uma espécie de cruzada contra os assuntos turvos do Vaticano. “Paoletto não está só”, afirmam, “somos muitos, inclusive muito acima. Queremos defender o papa, denunciar a corrupção, fazer limpeza no Vaticano”, afirma-se.
Como bem se pode entender, as vozes anónimas confirmam o que já se sabia há muito tempo – o Vaticano é há meses um campo de batalha entre diferentes facções que lutam pelo poder -, mas as suas teóricas intenções são difíceis de acreditar. Tão incríveis quanto alguns detalhes da operação: à frente estaria uma mulher e, a “milícia” seria formada por uma plêiade de vingadores, de cardeais a mordomos, incluindo um pirata informático. O seu principal objetivo: proteger o papa de Tarcísio Bertone.
Depois de vários dias em silêncio, o papa fala. Mas não diz nada. Remonta vinte séculos atrás para lembrar que Jesus também foi traído. Acusa os meios de comunicação de ampliar o problema e confirma nos seus cargos todos os colaboradores – incluindo Tarcisio Bertone. Os muros do Vaticano fecham-se ainda mais. O mistério, sempre presente nas histórias religiosas e laicas de Roma, envolve tudo. Perguntemos: Paoletto já falou? Expôs se roubou a correspondência do papa por sua conta ou por solicitação? Talvez seja o padre George, sentado junto ao seu fax, o único que sabe a verdade, talvez o único que cumpra a sua função de proteger o papa. Ou talvez não. Se nalguma coisa concordam crentes e descrentes, de um lado e outro do Tibre, é em que, como é habitual nos assuntos referentes ao Vaticano, jamais se saberá a verdade. Nunca se conhecerá o verdadeiro chefe de Paolo Gabriele, a identidade do “corvo” vestido de púrpura.
Em suma, a Igreja Católica, que precisa da fé para continuar existindo, continua sentindo-se cómoda na obscuridade. “Já tivemos esse problema no século XIII…Na sua primeira encíclica – “Deus caritas est” (2005) -, Bento XVI citava uma frase de Santo Agostinho, que hoje soa profética: “Sem justiça, o que são os reinos senão um grande bando de ladrões?”
Agora, creio que a pergunta final será: quem será o novo papa que expurgará a Igreja de Roma ou se calará para sempre? A resposta, o tempo dirá!
E para concluir, a meu ver a demissão deste papa está por demais esclarecida!

O TESTE DE SANGUE COAGULADO H.L.B.O. (Heita, Lagarde e Bradford)

20 Jan

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(Slide 1 – Aspecto de HIV – Positivo)

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(Slide 2 – Sangue Normal)

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(Slide 3  – Doença degenerativa avançada, o estado colóide do sangue é bastante visível. No centro das lagoas podem verificar-se pigmentos de cor verde fluorescente, que indicam uma forte intoxicação orgânica)

 

Em meados do século passado, a Dr. Heita iniciou estudos relacionados à forma ou característica que adquire uma gota coagulada de sangue, quando e como a alteração da patologia individual pode ser observada dessa maneira. O Dr. Lagarde, que foi o seu discípulo, continuou essa investigação e estudos após a morte de Heita, em 1977, centrando-se na influência do cancro na gota de sangue coagulado e, principalmente, como lidar com esse tipo de patologia.
Entretanto, nos Estados Unidos, o bioquímico Robert W. Bradford, com o qual trabalhei na década de noventa, iniciou na década de setenta e oitenta a base teórica e científica para este teste a fim de estudar exaustivamente a questão da coagulação do sangue com respeito não só ao cancro (pela ação dos radicais livres), que altera a forma de uma gota de sangue seco ao ar livre, mas, também, a outras doenças que causam esta condição.
O Dr. Bradford não apenas estudou os dois processos clássicos de coagulação do sangue: 1) processo intrínseco, que envolve os diversos factores e os mecanismos do sistema circulatório, e 2) processo extrínseco, que está relacionado a factores de coagulação do sangue encontrado em tecidos que são activados por lesão física. Além disso, ele estudou um processo terceiro, que ele chamou de Plano de Ação-Allen Bradford da coagulação, que é activado pela ação de ROS (espécies reactivas de oxigénio), bem como pela ação de certas bactérias.
Com o sistema H.L.B.O. observam-se alterações na bioquímica do corpo humano, alterações de cor e de estrutura nas fibrinas do sangue, que informam sobre o estado geral de saúde do organismo. Deste modo, é possível detectar em poucos minutos o seguinte:
Estados Anémicos, Polipose, Arteriosclerose, Alterações do Sistema Linfático, Distúrbios Nervosos, Alergias, Estados Tumorais (Benigno e Maligno), Alterações nos níveis de Cálcio, do Ácido Úrico e do Colesterol, Infecções Virais e Bacterianas, Micoses, Processos Inflamatórios (tanto agudos como crónicos e degenerativos), Afecções Reumáticas, Irregularidades na velocidade de sedimentações, etc.
É realmente muito aliciante esta observação biológica, pena é que a maior parte dos colegas não-convencionais não usem este maravilhoso instrumento!

O MEU AGRADECIMENTO PÚBLICO

29 Dez

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O MEU AGRADECIMENTO

No mundo de hoje, aquilo que concebo como arte de agradecer está desaparecendo por entre a confusão comunicativa desta nossa era. A simplicidade, a beleza e o som aprazível de um “grato” estão cada vez mais difíceis de encontrar-se nas sociedades onde coabitamos.
A vida desliza; a luta pela sobrevivência é intensa; a praticabilidade impõe-se. Tudo isso faz com que os pequenos gestos de atenção, de gentileza, fiquem esquecidos. Entre eles, as manifestações de agradecimento.
Evidentemente, que agradecer é uma arte. Quando agradecemos, não basta usar a simples repetição mecânica das palavras; é absolutamente necessário, que elas contenham o brilho da sinceridade e o calor da verdade de quem agradece.
Essa arte é feita, inclusive, de subtilezas e de delicadeza. O agradecimento não pode ecoar como um dever; não pode também conter a arrogância dos que agradecem a contragosto. Agradecer é como pintar ou esculpir, ou seja, a alma de quem o faz deve misturar-se ao gesto de fazer. O resultado precisa englobar a beleza integral dessa manifestação de atenção.
É um facto, que O TEMPO PASSA MAIS RÁPIDO à medida que nos tornamos cada vez mais, digamos, maduros. Esta é uma constatação que somente agora consigo vivenciar e apreciar na íntegra, mas que, ouvindo dos meus parentes e tutores ao longo de anos passados, soava-me apenas como um queixume de gente mais velha… E é por isso mesmo, que aqui quero agradecer!
Para além do Universo Divino que me insuflou, quero agradecer aos meus progenitores e antepassados que me legaram e estenderam esta minha existência física, e que me fizeram aprofundar a minha já longa aprendizagem, apesar da vicissitude dos compromissos interrompidos e dos desencantos momentâneos que foram surgindo no caminho percorrido. Quero agradecer aos meus tutores, professores, guias e mestres que tanto me coadjuvaram a concretizar e a evoluir, independentemente do diferencial dos métodos usados. Quero agradecer aos amigos reais (poucos) e aos virtuais (muitos) a grandiosidade da sua presença na minha vida terrena, que muito contribuíram para o meu desenvolvimento humano e espiritual. Quero, também, aqui agradecer a todos os indivíduos hostis que, de uma forma directa ou indirecta interferiram na minha vida, pois contribuíram eles grandiosamente para a sublimação da minha paciência e compassividade e, por conseguinte, evolução mental e espiritual.
A TODOS agradecendo, fico muito GRATO! Quão bom é podermos continuar a cultivar a Arte de Agradecer!
Por fim, prezado leitor e subscritor, AGRADEÇO, do fundo do meu coração, o seu carinho e a sua generosidade de ler o que escrevo. Agradecido mesmo!
Votos de um BOM ANO NOVO de 2013!

O SIMBOLISMO DO NATAL

22 Dez

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O Sol realiza a cada ano uma viagem elíptica que começa no dia 25 de Dezembro, e então regressa ao polo sul, até à região da Antártica; exatamente por isto vale a pena refletirmos no seu significado profundo. Nesta época começa o frio no norte, devido exatamente ao fato de que o Sol vai afastando-se para as regiões austrais e, no dia 24 de Dezembro, terá atingido o ponto máximo da sua viagem na direção sul.

Se o Sol não avançasse rumo ao norte do dia 25 de Dezembro em diante, morreríamos de frio. A Terra inteira converter-se-ia num bloco de gelo e realmente pereceriam todas as criaturas, tudo o que tem vida.

Assim, vale a pena refletir sobre o acontecimento do Natal. O Cristo-Sol deve avançar para dar-nos vida, e, no equinócio da Primavera, se crucifica na Terra; então amadurecem a uva e o trigo.

É precisamente na Primavera que o Divino deve passar por sua vida, paixão e morte, para logo ressuscitar; a Semana Santa é na Primavera no Hemisfério Norte.

O Sol físico nada mais é que um símbolo do Sol Espiritual, do Cristo-Sol. Quando os antigos adoravam o Sol, quando rendiam-lhe culto, não se referiam exatamente ao Sol físico; rendia-se culto ao Sol Espiritual, ao Sol da Meia-Noite, ao Cristo-Sol.

Inquestionavelmente, é o Cristo-Sol quem deve guiar-nos nos Mundos Superiores de Consciência Cósmica. Todo o místico que aprende a funcionar fora do corpo físico à vontade é guiado pelo Sol da Meia-Noite, pelo Cristo Cósmico.

É preciso aprender a conhecer os movimentos simbólicos do Sol da Meia-Noite; é ele quem guia o Iniciado, quem orienta-nos, ele é que nos indica o que devemos e não devemos fazer. Estou falando no sentido esotérico mais profundo, levando em conta que todo o Iniciado sabe sair do corpo físico à vontade, que isto de não saber sair à vontade é próprio de principiantes, gente que ainda está dando os primeiros passos nestes estudos.

Se alguém está na Senda, tem que saber guiar-se pelo Sol da Meia-Noite, pelo Cristo-Sol, aprender a reconhecer os seus sinais, os seus movimentos. Se o vemos, por exemplo, desaparecer no ocaso, o que é que isto nos indica? Simplesmente que algo deve morrer em nós. Se o vemos surgir do Oriente, o que é que isto nos diz? Que alguma coisa deve nascer em nós.

Quando saímo-nos bem nas provas esotéricas, ele brilha em sua plenitude no horizonte. O Senhor nos orienta nos Mundos Superiores, e temos de aprender a reconhecer os seus sinais.

Dupuis e muitos outros estudaram o maravilhoso acontecimento do Natal; não há dúvida, e isto o reconhece Dupuis, de que todas as religiões da antiguidade celebraram o Natal.

Assim como o Sol físico avança para o norte para dar vida a toda a criação, também o Sol da Meia-Noite, o Sol do Espírito, o Cristo-Sol, dá-nos vida se aprendemos a cumprir com os seus mandamentos. Nas Sagradas Escrituras se fala, obviamente, do acontecimento solar, e há que saber entender isto nas entrelinhas. A cada ano se vive no Macrocosmos todo o Drama Cósmico do Sol; cada ano, repito!

Leve-se em conta que o Cristo-Sol deve crucificar-se cada ano no mundo, viver todo o drama de sua vida, paixão e morte, para logo ressuscitar em tudo o que é, foi e será, quer dizer, em toda a criação. Assim, pois, é como todos nós recebemos a vida do Cristo-Sol. Também é certo que cada ano o Sol, ao afastar-se para a região Austral, deixa-nos tristes no norte, pois vai dar vida a outras partes. As noites longas de inverno são fortes. Na época do Natal os dias são curtos e as noites longas.

Vamos refletindo sobre tudo isto, e convém que entendamos o que é o Drama Cósmico. É necessário que também em nós nasça o Cristo-Sol, ele deve nascer em nós. Nas Sagradas Escrituras fala-se claramente de Belém e de um estábulo onde ele nasce; esse estábulo de Belém está dentro de cada um aqui e agora; precisamente nesse estábulo interior moram os animais do desejo, todos esses “eus ” passionais que carregamos em nossa psique, isto é óbvio.

“Belém” mesmo é um nome esotérico; nos tempos em que o grande Cabir (Jesus) veio ao mundo, a aldeia de Belém não existia, de modo que isto é inteiramente simbólico. Bel é uma raiz caldeia que significa Torre do Fogo, de modo que, propriamente dito, Belém é a Torre do Fogo. Quem poderia ignorar que Bel é um termo caldeu que corresponde precisamente à Torre de Bel, à Torre do Fogo? Assim, o termo Belém é totalmente simbólico.

Quando o Iniciado trabalha com o Fogo Sagrado, quando elimina completamente da sua natureza íntima os agregados psíquicos, quando de verdade está realizando a Grande Obra, indubitavelmente hão-de passar pela Iniciação Venusta; a descida do Cristo ao coração do homem é um acontecimento cósmico e humano de grande transcendência; tal evento corresponde na verdade à Iniciação Venusta.

Infelizmente, não se compreendeu realmente o que é o Cristo; muitos supõem que o Cristo foi exclusivamente Jesus de Nazaré, e estão equivocados. Jesus de Nazaré, como homem – ou, melhor dizendo, Jeshuá ben Pandirá – recebeu, como homem, a Iniciação Venusta, encarnou o Cristo, mas não é o único a ter recebido tal Iniciação.

Hermes Trismegisto, o três vezes grande Deus Íbis de Thot, também O encarnou. João Batista, a quem muitos consideravam como o Christus, o Ungido, inquestionavelmente recebeu a Iniciação Venusta, encarnou-O. Os Gnósticos Batistas asseguravam na Terra Santa que o verdadeiro Messias era João, e que Jesus era somente um Iniciado que havia querido seguir a João. Havia naquela época disputas entre Baptistas, Gnósticos, Essénios e outros.

Devemos entender o Cristo tal qual é, não como uma pessoa, como um indivíduo. O Cristo está mais além da Personalidade, do Eu e da Individualidade. Cristo em esoterismo autêntico é o Logos, o Logos Solar representado pelo Sol. Agora compreenderemos porque os Incas adoravam o Sol, os Nahuas rendiam-lhe culto, os maias, os egípcios, etc. Não se trata da adoração a um sol físico, mas ao que se oculta atrás deste símbolo físico; obviamente, adorava-se o Logos Solar, o Segundo Logos. Este Logos Solar é unidade múltipla perfeita. A variedade é unidade. No mundo do Cristo Cósmico a individualidade separada não existe; no “Senhor”, no Divino, somos todos um…

Vem à minha memória certa experiência, digamos, esotérica, realizada há muitos anos. Então, submergido em profunda meditação, obtive certamente o Samadhi, o estado de Manteia, o Êxtase, como é chamado no esoterismo ocidental. Naquela ocasião eu desejava saber algo sobre o batismo de Jesus, o Cristo, pois bem sabemos que João o batizou. Foi profundo o estado de abstracção, obtive o perfeito Dharana, ou seja, concentração, o Dhyana, ou meditação, e por fim consegui o Samadhi; me atreveria a dizer que foi um Maha-Samadhi, porque abandonei perfeitamente os corpos Físico, Astral, Mental, Causal, Búdico e até o Átmico. Consegui, pois, reabsorver a minha consciência de forma íntegra no Logos.

Assim, nesse estado logoico, como um Dragão de Sabedoria, fiz a correspondente investigação. De imediato vi-me na Terra Santa, dentro de um templo; mas, coisa extraordinária, vi a mim mesmo convertido em João Batista, com uma vestimenta sagrada; vi quando traziam a Jesus com sua a veste branca, a sua túnica branca.

Dirigindo-me a Ele, disse: “Jesus, despe tua túnica, tua vestimenta, pois vou baptizar-te”. Depois retirei de um recipiente um pouco de azeite de oliva, conduzi-O ao interior do Santuário, ungi-O com o óleo, despejei água sobre Ele e recitei os mantras e ritos. Depois, o Mestre sentou-se na sua cadeira à parte; eu guardei tudo novamente, pus os objetos em seus lugares e dei por terminada a cerimónia. Mas vi-me transformado em João!

É claro que, uma vez passado o Êxtase, o Samadhi, pensei: “Mas como é possível que eu seja João Batista? Nem remotamente, eu não sou João Batista! Fiquei bastante perplexo e pensei: “Vou fazer agora outra concentração, mas agora não me vou concentrar em João, vou concentrar-me em Jesus de Nazaré”. Então escolhi como motivo da concentração o Grande Mestre Jesus.

O trabalho foi longo e árduo, a concentração foi-se fazendo cada vez mais profunda; logo passei do Dharana – concentração, ao Dhyana – meditação, e deste ao Sammadhi, ou Êxtase. Fiz um esforço supremo que me permitiu despir-me dos corpos Físico, Astral, Mental, Causal, Búdico e Átmico até introverter minha consciência, absorvendo-a no mundo do Logos Solar, e, em tal estado, querendo saber sobre o Cristo Jesus, vi-me a mim mesmo convertido em Cristo Jesus, fazendo milagres e maravilhas na Terra Santa, curando os enfermos, dando vista aos cegos etc., e, por último, vi-me vestido com as vestes sagradas chegando ante João naquele Templo. Então João dirigiu-se a mim e disse: “Jesus, retira a tua vestimenta, pois vou baptizar-te”. Trocaram-se os papéis, já não me vi transformado em João mas em Jesus, e recebi o batismo de João.

Passado o Samadhi, regressando ao corpo físico, vim a constatar perfeitamente, com toda a clareza, que no mundo do Cristo Cósmico somos todos um. Se eu tivesse querido meditar em qualquer um de cada interveniente, lá no mundo do Logos, ter-me-ia visto transformado num de qualquer, vivendo a sua vida, já que lá não há individualidade, não há personalidade nem Eu; ali somos todos o Cristo, ali somos todos João, ali todos somos o Buda, ali somos todos um; no mundo do Logos não existe a individualidade separada.

O Logos é Unidade Múltipla Perfeita, é uma energia que se move e palpita em todo o criado, que subjaz em todo átomo, em todo eléctron, em todo protón, e expressa-se vivamente através de qualquer homem que esteja devidamente preparado.

Bem, este esclarecimento teve como objetivo explicar melhor o acontecimento de Belém. Quando um homem está devidamente preparado, passa pela Iniciação Venusta – mas, esclareço, deve estar devidamente preparado – e na Iniciação Venusta consegue a encarnação do Cristo Cósmico em si mesmo, dentro de sua própria natureza.

Inutilmente teria Jesus nascido em Belém se não nascesse em nosso coração também. Inutilmente teria morrido e ressuscitado na Terra Santa, se não morre e ressuscita em nós também. Esta é a natureza do “Salvator Salvandus”. O Cristo Íntimo deve salvar-nos, mas salvar-nos desde dentro, a todos nós. Aqueles que aguardam a vinda de Jesus de Nazaré para um futuro remoto estão equivocados; o Cristo deve vir agora desde dentro, a segunda vinda do Senhor é desde dentro, desde o próprio fundo da Consciência.

Por isto está escrito o que Ele disse: “Se ouvires alguém dizendo na praça pública que é Cristo, não o creiais, e se disserem “Ele está ali no Templo predicando”, não o creiais”. É que o Senhor não virá desta vez de fora mas de dentro, virá desde o próprio fundo de nosso coração, se nós nos prepararmos. Paulo nos esclarece dizendo: “De sua virtude tomamos todos, graça por graça”.

Então, está documentado; se estudarmos cuidadosamente Paulo de Tarso, veremos que raramente alude ao Cristo histórico; cada vez que Paulo de Tarso fala sobre Jesus Cristo, refere-se ao Jesus Cristo Interior, ao Jesus Cristo Íntimo que deve surgir do fundo de nosso Espírito, de nossa Alma. Enquanto um homem não O tenha encarnado, não se pode dizer que possua a Vida Eterna, só Ele pode tirar nossa Alma do Hades, só Ele pode verdadeiramente dar-nos vida, e em abundância. Assim, pois, devemos ser menos dogmáticos e aprender a pensar no Cristo Íntimo, isto seria grandioso…

Todo o simbolismo relacionado com o nascimento de Jesus é alquímico e cabalístico. Diz-se que os três Reis Magos vieram adorá-lO, guiados por uma estrela; este trecho não pode ser compreendido, falando francamente, se não se for versado em alquimia, porque é alquímico. Que são essa estrela e esses Reis Magos? E eu digo-vos que essa estrela não é outra coisa que o Selo de Salomão, a estrela de seis pontas, símbolo do Logos Solar.

O triângulo superior representa obviamente o Enxofre, ou seja, o Fogo. E o inferior, o que representa em Alquimia? O Mercúrio, a Água; mas a que tipo de água se referem os Alquimistas? Dizem eles: “A Água Que Não Molha as Mãos, o Húmido Radical Metálico”, epor outras palavras, o Exiohehari, o Esperma Sagrado.

Sem dúvida, é por meio da transmutação das secreções sexuais que se elabora essa Água extraordinária, as águas puras de Amrita, o Mercúrio da Filosofia Secreta. Vale a pena meditarmos no Selo de Salomão; aí temos o triângulo superior, representação vívida do Enxofre. Ou seja, o Fogo Sagrado, o Fogo do Espírito Santo, que deve fecundar o Mercúrio da Filosofia Secreta. Sem dúvida, é um pouco difícil entender a questão da Estrela de Belém se não recorremos ao Selo de Salomão e à Alquimia.

Repito, o Mercúrio é a Alma Metálica do Esperma Sagrado; o Enxofre é o Fogo Sagrado do Kundalini no ser humano. Isto posto, podemos esclarecer mais: o Enxofre deve fecundar o Mercúrio; com o Mercúrio fecundado pelo Enxofre podemos fabricar os Corpos Existenciais Superiores do Ser. De modo que, se não compreendêssemos isto, não compreenderíamos tampouco o Selo de Salomão ou a estrela que apareceu aos Reis Magos.

Aqui temos, para melhor compreensão, os Três Mercúrios:

1. Este é o que os Alquimistas denominam “Azogue em bruto”, ou seja, o Esperma Sagrado propriamente dito.
2. O segundo Mercúrio é precisamente a Alma Metálica do primeiro. Mediante a transmutação o Esperma se converte em Energia; essa Energia Sexual é denominada Alma Metálica do Esperma.
3. O mais importante, que é precisamente o Mercúrio fecundado pelo Enxofre.

Isto é um pouco complicado e difícil de entender, mas, se prestarem atenção, poderão formar uma ideia do que se trata. Se querem que lhes explique o Natal, devo explicá-lo como é, ou não explicá-lo. Inquestionavelmente, a primeira coisa que temos é o Mercúrio bruto, o Esperma Sagrado; a segunda, a Energia Sexual, resultado da Transmutação do Esperma; a terceira, o Mercúrio fecundado pelo Enxofre, ou, por outras palavras, a Energia Sexual já fecundada pelo Fogo Sagrado, mescla de Energia e Fogo que sobe pela espinha dorsal até levar-nos à Auto-realização Íntima do Ser.

Este terceiro Mercúrio é o Arché dos gregos; (de modo que) no Arché há Sal, há Enxofre e há Mercúrio, isto é óbvio. “Lá em cima”, no Macrocosmos, nas nebulosas, por exemplo, compõe-se de Sal, Enxofre e Mercúrio; é o Arché dos gregos, do qual saem as unidades cósmicas. “Aqui embaixo” precisamos fabricar o Arché. Como? Mediante a transmutação. E desse Arché, que será composto de Sal, Enxofre e Mercúrio, nascerão os Corpos Existenciais Superiores do Ser. Se alguém possui os corpos Astral, Mental e Causal, converte-se num Homem de verdade, isto é óbvio, e recebe os seus princípios anímicos e espirituais.

É claro que, de início, temos apenas o Azougue bruto e há que transmutá-lo, ou seja, temos as secreções sexuais e é preciso transmutá-las, sublimá-las e convertê-las em energia; esta energia é denominada Mercúrio, “Alma Metálica do Esperma”.

Essa energia sobe pelos cordões espermáticos até o cérebro. Posteriormente, essa mesma energia une os seus pólos positivos e negativo no CÓCCIX, perto do Tribeni, e então surge o Fogo. O Fogo fecunda a energia. O Fogo mesclado com a energia sobe pela medula espinhal até o cérebro; o excedente desse Mercúrio fecundado pelo Enxofre vem a cristalizar-se nos Corpos Existenciais Superiores do Ser.

Primeiro se formará o Corpo Astral, a seguir o Corpo Mental e em terceiro lugar, o Corpo Causal. Quando alguém possui os corpos Astral, Mental e Causal, recebe os princípios anímico-espirituais (ou seja, Alma e Espírito), quer dizer, se converte num homem, no Homem Verdadeiro. Assim, isto é indispensável. Mas criar os Corpos Existenciais Superiores do Ser é uma coisa, e levá-los à perfeição é outra coisa diferente.

Inquestionavelmente, o Sal, o Enxofre e o Mercúrio perfazem tudo; onde quer que haja matéria, há sal; toda a matéria reduz-se a sal e todo sal pode ser convertido em Ouro. Assim, os Corpos Existenciais Superiores do Ser vêm a ser uma mescla de Sal, Enxofre e Mercúrio. O Sal presente em qualquer desses corpos converte-se em Ouro pela ação combinada do Enxofre e do Mercúrio. Converter tais corpos em Ouro, em veículos de Ouro Puro, é o indicado, esta é a Grande Obra.

Não se poderia realizar tal prodígio sem uma ajuda especial. Essa ajuda maravilhosa é o Natal do Coração: o Cristo deve nascer no coração do Homem para que se possa realizar essa obra gigantesca de transformar os Corpos Existenciais Superiores do Ser em veículos de Ouro Puro.

Situemo-nos em qualquer desses veículos, o Corpo Astral, por exemplo, investiguemos uma pessoa que possui Corpo Astral; alguém sabe que possui Corpo Astral quando pode usá-lo, mover-se com ele conscientemente e positivamente, viajar com ele de um planeta a outro.

Como deve proceder uma pessoa que tem Corpo Astral e quer trabalhar para convertê-lo num veículo de Ouro Puro, quer dizer, para aperfeiçoá-lo? Isto se faz através da eliminação do Mercúrio Seco, isto é, os “egos”, ou do Enxofre Arsenicado, ou seja, dos átomos sanguinolentos da luxúria.

Evidentemente, tal pessoa necessitará de ajuda. Se conseguir eliminar o Mercúrio Seco e o Enxofre Arsenicado ou enxofre venenoso, então o seu Corpo Astral converter-se-á num veículo de Ouro Puro. Isto é difícil; felizmente, o Cristo Interno intervém e ajuda a eliminar todo esse Mercúrio Seco e esse Enxofre venenoso ou Arsenicado e, ao fim, como resultado desses trabalhos, o veículo astral converter-se-á num Corpo de Ouro.

Mas, antes que o Corpo Astral venha a converter-se num veículo de Ouro precioso, terá forçosamente que passar por várias etapas.

A primeira etapa é simbolizada pela cor negra, pelo Corvo Negro, e governada por Saturno. Porquê? Porque o iniciado irá entrar num afã infinito nesses trabalhos; evidentemente terá de eliminar, destruir, desintegrar todos os elementos inumanos que leva em seu Corpo Astral, até conseguir a cor branca, que é fundamental.

Esta cor branca é simbolizada pela Pomba Branca; os iniciados egípcios envergavam a veste de linho branco para representar a castidade, a pureza.

O terceiro símbolo é a Águia Amarela, o iniciado obtém o direito de usar a túnica amarela.

Na quarta fase do trabalho o iniciado receberá a púrpura; ao atingir este estágio seu Corpo Astral já estará convertido num veículo de Ouro Puro da melhor qualidade.

O chefe deste trabalho alquímico é precisamente o Cristo Interno.

Os sábios dizem que o Sal, o Enxofre e o Mercúrio são os instrumentos passivos da Grande Obra; o mais importante, dizem eles, é o Magnésio Interior. Este Magnésio, citado por Paracelso, não é outra coisa que o Cristo Íntimo – é Ele quem deve verdadeiramente realizar a Grande Obra.

Citei como exemplo o Corpo Astral, mas é preciso realizar trabalho idêntico com cada um dos Corpos Existenciais Superiores do Ser. Sem este Magnésio Interior da Alquimia, tal labor seria absolutamente impossível; por isto é que, ao começar a Grande Obra, deve-se inquestionavelmente encarnar o Cristo Íntimo.

Ele nasce no estábulo do nosso próprio corpo dentro do qual temos todos os animais do desejo, das paixões inferiores. Ele tem que crescer, desenvolver-se ascendendo pelos diversos graus até converter-se num Homem entre os homens, tomar a seu cargo todos os nossos processos mentais, volitivos, sexuais, emocionais, etc., passar por um homem comum. Mesmo sendo o Cristo um Ser tão perfeito, um Homem que não peca, ainda assim deve viver como um pecador entre pecadores, um desconhecido entre outros desconhecidos; esta é a crua realidade dos fatos.

Mas (o Cristo) vai crescendo, vai-se desenvolvendo à medida que elimina em si mesmo os elementos indesejáveis que levamos dentro. É tal sua integração connosco que lança toda a responsabilidade sobre os seus ombros. Converteu-se num pecador como nós, não sendo Ele um pecador – sentindo em carne e osso as tentações, vivendo como um homem qualquer.

E assim, pouco a pouco, à medida que vai eliminando os elementos indesejáveis da nossa Psique, não como algo alheio ou estranho mas como algo próprio Dele, vai desenvolvendo-se no interior de nós mesmos; isto precisamente é o maravilhoso. Se não fosse assim, seria impossível realizar a Grande Obra. É Ele quem tem de eliminar todo esse Mercúrio Seco, todo esse Enxofre venenoso, para que os Corpos Existenciais Superiores do Ser possam converter-se em veículos de Ouro Puro, Ouro da melhor qualidade.

Os Três Reis Magos que vieram adorar o Menino representam as cores da Grande Obra
A primeira cor é o Negro, quando estamos aperfeiçoando o corpo. Isto, reitero, simboliza o Corvo Negro da Morte, é a Obra de Saturno simbolizada pelo Rei Mago de cor negra; então passamos por uma morte, a morte dos nossos desejos, paixões, etc., no Mundo Astral.

A seguir vem a pomba Branca, isto é, o momento em que já desintegramos todos os “Eus” do Mundo Astral; adquirimos então o direito de usar a túnica de linho branco, a túnica do Phtah egípcio, a túnica de Ísis.

Evidentemente esta cor é simbolizada pela Pomba Branca; este é ainda o segundo dos Reis, o Rei Branco.

Já bastante avançado no aperfeiçoamento do Corpo Astral, apareceria a cor Amarela, ou seja, conquistaria o direito à túnica Amarela; então aparece a Águia Amarela, o que recorda-nos o terceiro dos Reis Magos, que é da raça amarela.

Finalmente, a coroação da Obra é a Púrpura. Quando um corpo, seja o Astral, o Mental ou o Causal, já se tornou de Ouro Puro, recebe a púrpura dos Reis, porque triunfou. Assim, como podem ver, os Três Reis Magos não são três indivíduos, como muitos acreditam, mas símbolos das cores fundamentais da Grande Obra, e o próprio Jesus Cristo vive dentro. Jesus em hebraico é Jeshuá; Jeshuá significa Salvador, e, como Salvador, o nosso Jeshuá particular tem de nascer neste estábulo que temos dentro de nós para realizar a Grande Obra; Ele é o Magnésio Interior do Laboratório Alquimista. O grande Mestre deve surgir no fundo de nossa Alma, de nosso Espírito.

O mais duro para o Cristo Íntimo, após o seu nascimento no coração do Homem, é precisamente o Drama Cósmico, a sua Via-Crucis. No Evangelho as multidões aparecem pedindo a crucificação do Senhor; essas não são multidões de ontem, de um passado remoto, como supõe-se, de algo que ocorreu há 1975 (ano em que este texto foi escrito) anos.

Não, senhores, essas multidões estão dentro de nós mesmos, são nossos famosos “Eus”; dentro de cada pessoa moram milhares de pessoas, o “Eu do ódio”, o “Eu tenho ciúmes”, o “Eu sinto inveja”, o “Eu da cobiça”, ou seja, todos os nossos defeitos, e cada defeito é um “Eu” diferente. É claro que essas multidões que trazemos dentro de nós, que são os nossos famosos “Eus”, são os que gritam: “Crucifiquem-nO, crucifiquem-nO!”.

Quanto aos Três Traidores, já sabemos que no Evangelho Crístico são Judas, Pilatos e Caifás. Quem é Judas? O Demónio do Desejo. Quem é Pilatos? O Demónio da Mente. Quem é Caifás? O Demónio da Má Vontade.

Mas é preciso esclarecer isto, para que se possa compreender melhor. Judas, o Demónio do Desejo, troca o Cristo Íntimo por trinta moedas de prata : 30 (3 – 0), 3, esta é a alusão cabalística, ou seja, troca-O pelas coisas materiais, pelo dinheiro, pela bebida, pelo luxo, pelos prazeres animais etc.

Quanto a Pilatos, é o Demónio da Mente; este sempre “lava as mãos”, nunca tem culpa, para tudo encontra uma evasiva ou justificativa, jamais se sente responsável.

Realmente, estamos sempre justificando todos os defeitos psicológicos que temos em nosso interior, jamais julgamo-nos culpáveis.

Muita gente me diz: “Acredito ser uma boa pessoa; eu não mato, não roubo, sou caridoso, não sou invejoso”, ou seja, são todos cheios de virtude, perfeitos, segundo eles próprios; “ignoto”, é o que tenho a dizer ante tanta perfeição.

Assim, olhando as coisas como são, em seu cru realismo, esse Pilatos sempre lava as mãos, nunca se considera culpado.

Quanto a Caifás, francamente considero-o o mais perverso de todos. Pensem no que representa Caifás: muitas vezes o Cristo Íntimo nomeia um Sacerdote, um Mestre ou Iniciado para que guie as suas ovelhas e as apascente, entrega-lhe a autoridade e o põe à frente de uma congregação, e o tal Sacerdote, Mestre, Iniciado etc., em vez de guiar o seu povo sabiamente, vende os Sacramentos, prostitui o Altar, fornica com as devotas, etc.; ou seja, trai o Cristo Interno, isto é o que faz Caifás.

É doloroso isso? É claro, é horrível, é uma traição do tipo mais sujo que há, e não há dúvida de que muitas religiões se prostituíram e muitos sacerdotes traíram o Cristo Íntimo; não me refiro a nenhuma seita em particular, mas a todas as religiões do mundo. É possível que haja grupos esotéricos dirigidos por verdadeiros Iniciados, e que estes, muitas vezes traidores, tenham traído o Cristo Íntimo.

Tudo isso é doloroso, infinitamente doloroso. Caifás é o que há de mais sujo. Estes três traidores levam o Cristo Íntimo ao suplício.

Pensem por um instante no Cristo Íntimo no mais profundo de cada um, senhor de todos os processos mentais e emocionais, lutando por salvá-los, sofrendo terrivelmente; os próprios “egos” individuias protestando contra Ele, blasfemando, pondo-Lhe a coroa de espinhos, açoitando-O. Bem, esta é a crua realidade dos fatos, este é o Drama Cósmico vivido interiormente.

Finalmente, este Cristo Íntimo subiria ao Calvário, isto é óbvio, e baixa ao sepulcro, com sua morte mata a morte, isto é a última coisa que faz. Posteriormente ressuscita no Iniciado e o Iniciado ressuscita n’Ele.

Então a Grande Obra está realizada, “consummatum est”. Assim têm surgido através dos séculos Mestres Ressurrectos; lembremos um Hermes Trismegisto, um Moria, grande Mestre da Força do Tibete, lembremos o Conde Cagliostro, que ainda vive, e Saint-Germain, que em 1939 visitou outra vez a Europa. Este Saint-Germain trabalhou ativamente nos séculos 17, 18 e 19 e, entretanto, continua a existir fisicamente, é um Mestre Ressurrecto.

Por que são Mestres Ressurrectos? Porque, graças ao Cristo Íntimo, obtiveram a Ressurreição. Sem o Cristo Íntimo, a Ressurreição não seria possível.

Aqueles que supõem que, pelo simples fato de morrer fisicamente alguém já tem direito à Ressurreição dos Mortos, são realmente dignos de compaixão; falando outra vez em estilo socrático, não apenas ignoram mas, o que é ainda pior, ignoram que ignoram.

A Ressurreição é algo pelo qual tem-se de trabalhar, e trabalhar aqui e agora, e é preciso ressuscitar em carne e osso (e ao vivo). A Imortalidade deve-se consegui-la agora mesmo, pessoalmente; assim deve-se considerar todo o Mistério Crístico.

Todo o Drama Cósmico é em si mesmo extraordinário, maravilhoso, e inicia-se realmente com o Natal do Coração.

O que vem a seguir relacionado com o Drama, a fuga para o Egipto, quando Herodes manda matar todos os meninos e Ele tem de fugir, tudo é simbólico, totalmente simbólico.

Dizem (num Evangelho Apócrifo) que Jesus, José e Maria tiveram de fugir para o Egipto, tendo permanecido vários dias vivendo sob uma figueira, e que desta figueira saiu um manancial de água puríssima – é preciso saber compreender isto: esta figueira representa sempre o sexo; dizem ainda que se alimentavam do fruto desta figueira, os frutos da Árvore da Ciência do Bem e do Mal. A água que corria puríssima, que saía desta figueira, é nada menos que o Mercúrio da Filosofia Secreta.

Quanto à decapitação dos inocentes, muito se tem escrito sobre isso. Nicolas Flamel deixou gravadas nas portas do cemitério de Paris cenas retratando a degola dos inocentes. Por que essa cruel decapitação dos inocentes? Não obstante, isto é também muito alquímico, todo o Iniciado tem de passar pela decapitação.

Mas o que é que o Cristo Íntimo tem de decapitar em nós? Simplesmente deve degolar o Ego, o Eu, o Si Mesmo, e o sangue que emana da decapitação é o Fogo, é o Fogo Sagrado pelo qual o Iniciado tem de purificar-se, limpar-se, branquear-se; tudo isso é profundamente esotérico, nada pode ser tomado “ao pé da letra”.

A seguir vêm os feitos milagrosos do grande Mestre. Caminhava sobre as águas, [como] sobre as Águas da Vida tem de caminhar o Cristo Íntimo. Abrir a visão dos que não vêem, predicando a palavra para que vejam a luz; abrir os ouvidos dos que não querem ouvir, para que escutem a palavra.

Quando o Senhor já cresceu no Iniciado, tem de tomar a palavra e explicar a outros o que é o caminho, limpar os leprosos; não há ninguém que não esteja leproso, essa lepra é o Eu pluralizado, essa é a epidemia que todos levam dentro de si, a lepra da qual devemos ser limpos.

Os que estão paralíticos não caminham ainda pela Senda da Auto-realização, o Filho do Homem deve curar os paralíticos para que andem rumo à montanha do Ser.

Há que compreender tudo isto de forma mais íntima, mais profunda; isto não corresponde a um passado remoto, é para ser vivido dentro de nós mesmos – Aqui e Agora!

Se começamos a amadurecer um pouquinho, saberemos apreciar melhor a mensagem que o Grande Kabir, Jesus, trouxe à Terra. Em todo caso, precisamos passar por Três Purificações, à base de ferro e fogo –- este é o significado dos Três Cravos da Cruz. E a palavra INRI diz muito. Já sabemos que INRI esotericamente é o Fogo; necessitamos passar pelas Três Purificações à base de ferro e fogo antes de conseguir a Ressurreição, do contrário seria impossível lográ-la.

Aquele que ressuscita transforma-se radicalmente, converte-se num Deus-Homem, é um Hierofante da estatura de um Hermes, um Quetzalcoatl ou um Buda.

Mas é necessário fazer a Grande Obra. Realmente, não se poderia entender os quatro Evangelhos se não se estudasse Alquimia e Kabala, porque (os Evangelhos) são alquimistas e cabalistas, isto é óbvio.

Os judeus tinham três livros sagrados. O primeiro é o corpo da doutrina, a Bíblia. O segundo é a alma da doutrina, o Talmud, no qual está a alma nacional judaica. E o terceiro é o espírito da doutrina, o Zohar, onde está toda a Kabala dos rabinos.

A Bíblia, o corpo da doutrina, está escrita sob chave. Se queremos estudar a Bíblia “compaginando versículos”, procedemos de forma ignorante, empírica e absurda.

A prova disto é que todas as seitas mortas que, até a época atual, se nutriram da Bíblia interpretada de forma empírica, não puderam entrar em acordo. Se existem milhares de seitas baseadas na Bíblia, quer dizer que nenhuma delas a compreendeu.

As chaves para a interpretação estão no Zohar, escrito por Simeon Ben Iochai, o grande rabino iluminado. Aí encontramos as chaves para interpretar a Bíblia. Então, é necessário “abrir” o Zohar.

Se quisermos saber algo sobre o Cristo, sobre o Filho do Homem, devemos estudar a Árvore da Vida…

(escrito pelos Rabinos do SABER)

“RENOVAÇÃO” – A PATOLOGIA DOS TEMPOS MODERNOS…

1 Dez

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Quando estudamos a História da Humanidade ficamos indignados com o que se passou na Idade Média (séculos V ao XV d.C.), que foi um período de grande obscurantismo, no qual as pessoas viviam cegamente e movidas por superstições e medos diversos. Os filósofos eram perseguidos por pensar no futuro, ideias milenares eram enterradas no silêncio dos séculos, qualquer atitude em movimento ao novo era vista como indesejável e perigosa. Por outro lado, havia grandes migrações, conflitos, feudos fortificando-se cada vez mais, intolerâncias, fanatismos e intransigências eram o “pão nosso de cada dia”. Foi essa a fase histórica conhecida por Idade Média, uma época de esquecimento, perda de cultura e valores, que terminou com o advento do tão esperado Renascimento.
Todavia, essa não foi a única Idade Média da história da humanidade. Todos os povos atravessam períodos de luz e decadência e são justamente esses últimos períodos os ditos medievais. Assim, caber-nos-á uma pergunta: não estamos agora a viver uma nova Idade Média? Uma Nova Idade Média regida pela falta de valores, dissimulada pela modernidade, e tecnologia do mundo atual?
Hoje em dia muitos factos mostram-nos que o planeta está – física e psiquicamente – doente. E o que vemos no global, vemos em todas as áreas, e não seria diferente com a Medicina, que é humana e científica ao mesmo tempo. O sábio Platão, há mais de 2500 anos já nos falava que as causas das enfermidades são: a ignorância e a loucura, e que a segunda é consequência da primeira. Essa antiga frase se encaixa muito bem no momento de Nova Idade Média em que vivemos. Sem dúvida a ignorância humana nas diversas áreas tem causado muitos danos; porém, por certo, a pior delas é ignorar sobre nós próprios, de onde vimos, e para onde vamos… Essa ignorância, que vai de mãos dadas com o egoísmo e o materialismo, manifesta-se em muitas vertentes e possui muitas aparências, sendo fundamental estarmos atentos a elas.
Nesta era da informação e da tecnologia realmente temos muitas facilidades – internet, telefone, telemóvel, avião, etc. No entanto, o ser humano está cada vez mais sozinho, sofrendo de solidão mesmo acompanhado. Não consegue ele compartilhar, olhar nos olhos, conversar, não escuta o que o outro necessita. As pessoas já não se cumprimentam e cada vez mais se perdem nas suas fantasias e subjectividades, e isso pela falta de comunicação. Na Medicina Convencional sucede o mesmo – o médico já não ouve o enfermo, tampouco o enfermo acata as instruções do médico. Cada vez mais exames complementares são pedidos para substituir uma boa conversa e um exame clínico, que quase sempre por si só traria o diagnóstico. Também, há problemas em relação à linguagem. Não há esforço em ter uma linguagem simples e clara. Muitas vezes termos técnicos escondem a nossa inabilidade para tocar questões profundas relativas ao ser humano. Vemos profissionais tão renomados, com tanta informação e conhecimento, porém não conseguindo confrontar o outro e ajudá-lo a mudar. As palavras estão vazias de conteúdo, de sentimento – como valeria mais uma palavra de alento e confiança, que mil explicações técnicas que não aliviam a dor?!
Por outro lado, a informação na Medicina cresce em grande velocidade, grandes descobertas voam pelo mundo fora em tão pouco tempo. Porém, há muitas informações contraditórias, muito modismo e manipulação das mesmas. As opiniões crescem e se popularizam, enquanto o verdadeiro conhecimento se esconde e aparenta cada vez mais ser difícil de adquirir. Em cada ano que passa novos remédios são descobertos, enquanto os antigos que funcionavam bem deixam de ser usados e, por conseguinte, são substituídos por outros; porém, também mais caros. Enfim, hoje uma coisa faz bem, amanhã é tida como um grande veneno, depois de amanhã retorna-se ao mesmo ponto anterior. Afinal, convém perguntar: onde está a verdade?
Numa Ciência-Arte como é a Medicina, nada mais grave é quando perdemos a noção de que o outro é um ser humano, exatamente igual aos que mais estimamos. Olha-se numa cama um corpo, uma perna ou um fígado, e se esquece que aquele que está diante de nós tem medo, apreensão, dúvidas e esperanças. A pressa do dia-a-dia serve de desculpa para a falta de paciência, carinho e compreensão. Esqueceu-se a maravilhosa arte de saber colocarmo-nos no lugar do outro. Um outro capítulo complicado é o não saber lidar com a morte e com o sofrimento. Este tema não é ensinado nas faculdades e o profissional se reveste de frieza, omnipotência e se distancia, simplesmente por não saber lidar com essas temáticas. Mas, para lidar de maneira humana com a morte é necessário vivenciá-la, pelo menos em alguma medida. Como será possível lidar com a dor e o medo se jamais tentámos trabalhar esses temas em nós próprios? Portanto, para conviver com o outro é preciso primeiro aprender a “viver”.
Contudo, não são somente os profissionais de saúde os que comentem erros. Em contrapartida, o paciente e os seus familiares vêem frequentemente o médico como seu “inimigo”, alguém que deve estar enganando, prejudicando ou tirando algum proveito. Qualquer situação que não aconteça de acordo com as suas expectativas é tida como “erro médico”. Os profissionais para se defenderem dos seus “agressores” pedem exames e mais exames para se justificarem e documentarem tudo e não agirem de acordo com o seu sentimento ou intuição; e isso tudo de acordo com as últimas normas, manuais e sempre na defensiva. Hoje, pelos vistos, há que seguir protocolos e aplicá-los em todos os indivíduos, mesmo que cada um seja um indivíduo único! Neste tipo de guerra quem perde é o ser humano, aquele que sofre, muitas vezes silencioso, ante essa disputa sem sentido de adversários que deveriam estar do mesmo lado.
É inegável que a tecnologia tem-nos trazido muitas vantagens: na comunicação, na praticabilidade quotidiana, nos distanciamentos, etc. Na Medicina acontece o mesmo – hoje em dia temos diagnósticos mais precisos e precoces, mais segurança nos tratamentos, novas possibilidades de medicamentos e cirurgias… No entanto, há um factor que jamais deveria ter sido esquecido – por detrás da máquina está sempre o ser humano. A tecnologia em si não é boa ou má, é apenas uma ferramenta que deve ser usada da melhor maneira possível, ou seja, para apoiar a humanidade. A tecnologia trouxe-nos por exemplo uma infinidade de exames – dos mais simples aos mais elaborados. Porém, como consequência, o exame do paciente foi negligenciado – para quê fazê-lo se tenho um exame que me dará os resultados com supostamente mais precisão? Esquecemos que os exames são complementares, só valem em relação a algo, não valem por si mesmos. Afinal, quem estamos tratando: um paciente ou um pedaço de documento? Na verdade, tanto médicos quanto pacientes ficaram seduzidos pelos aparelhos e imaginam que estes supriram o exame, o toque, a conversa. Que grande ilusão! Com isso aumentou-se a distância entre ambos e gerou-se uma série de procedimentos desnecessários.
No momento atual, cada um dentro da sua ignorância e fanatismo trata de sobreviver. E se o momento é de crise cada um agarra-se à sua “opinião e parecer” e enxerga o outro como inimigo e como uma ameaça. Assim, assistimos a uma luta grosseira pela sobrevivência, gerando separatividade e radicalismos nos seus mais variados níveis, como o racial, económico, intelectual, e até mesmo espiritual. Na medicina oficial esse reflexo é bem claro. Surgem novos grupos a cada dia, que brigam entre si, se difamam e discordam. E cada vez mais se distanciam de um trabalho em conjunto. Esse radicalismo toma conta, seja numa universidade, seja dentro de uma área da saúde, seja entre diferentes especialidades. Cada um, simplesmente, acha que a sua área e as suas ideias são as melhores, acreditando ser dono da verdade, quando o mais provável é que cada um tenha quando muito apenas um aspecto da verdade. Esquecem a maioria das pessoas que é na diferença onde está o maior aprendizado, e que acima de qualquer divergência, orgulho ou opinião o paciente deveria ser sempre a principal meta.
No dia-a-dia sabemos de batalhas entre alopatas e adeptos da medicina natural, por exemplo. No entanto, há fanáticos dos dois lados: há os que deixam um paciente agravar, pois é pouco menos que pecado mortal receitar um antibiótico e outros que destroem um organismo com remédios tão agressivos, quando poderiam recomendar tratamentos mais naturais e, de igual forma, eficazes. Enfim, prefere muita gente ficar obstinada e fechada nas ideias sabidas, cristalizadas e fruto da opinião, do que se abrir ao novo, ao desafio e à possibilidade de investigar e obter a verdadeira Erudição. Quanto mais o ser humano for ignorante, mais pretensioso, arrogante e fanático será. O homem sábio é naturalmente ecléctico sem abrir mão das suas convicções e ideais.
Nesta era da globalização não se pensa como humanidade, mas ainda como “feudos” e grupos separados. No avanço da tecnologia cada vez mais encontramos muito mais superespecialistas, mas como os problemas na prática são gerais, complexos e com muitas variáveis, discute-se muito e resolve-se pouco. Na Medicina na maioria das vezes se vê apenas um corpo doente, quando muito encaminha-se o paciente a um profissional especialista nos problemas psicológicos, como se a psique não fizesse parte do ser humano. Todos sabemos, que somos muito mais do que nosso corpo, na verdade, as nossas maiores dores não estão nele, mas nas emoções, nas opiniões, nos relacionamentos, no ambiente em que vivemos. De facto, os especialistas são fundamentais, mas infelizmente perderam a visão do todo. Vê-se um olho, um coração, um fígado e não um ser humano. Não há comunicação entre os profissionais, e esquece-se que cada um cumpre com um aspecto da cura, e todos são úteis, importantes e deveriam trabalhar sob uma mesma direção. Efectivamente fragmentou-se o paciente, as terapias e os profissionais entre si.
Nas ruas por onde passamos é cena comum verem-se as pessoas correrem apressadas sem motivo algum. As ações de todas essas pessoas são mecânicas, sem vida, não possuem um sentido para realizar as coisas. No geral, o que vale é cumprir a meta, de qualquer forma, com qualquer sentimento. Conclui-se que a vida tem perdido o sentido. Os problemas e as inquietações do dia-a-dia fazem com que o ser humano viva cada vez mais fora de si mesmo, de maneira automática, do que dentro de si. Normalmente não se reflete sobre os factos ou se busca as causas das coisas, simplesmente cumpre-se um determinado papel. Na Medicina se dá o mesmo. Uma arte que antes era sacerdotal e sagrada hoje é tratada comercialmente e de maneira vazia. O médico, que já foi um sacerdote em tempo antigo, é hoje mais um lutando pela sobrevivência.
Em suma, quando se perde o sentido Maior, se esquece, se mergulha na ignorância. E a doença que deveria ser um meio que a Natureza encontrou para fazer-nos retornar ao nosso caminho, ou seja, uma forma de aprendizado e reconhecimento, transforma-se em sofrimento e dor sem sentido. Não se sabe mais o porquê ou o como se adoece, menos ainda como curar. E, assim, o ser humano se sente injustiçado e solitário, quando deveria ver-se dentro de um processo muito maior que é a Evolução.
Hoje em dia reina a mentalidade de quanto menos esforço melhor. As pessoas estão acomodadas e cada vez mais buscando soluções imediatas para os seus problemas, independentemente das consequências geradas.
Na saúde isso se dá frequentemente. É mais fácil encontrar quem queira tomar um remédio e resolver logo o sintoma dos problemas, do que quem queira tratar a causa dos mesmos. Mais raro ainda é encontrar quem queira prevenir, ou seja, preparar-se para não adoecer!

E assim está o mundo!

VIVEMOS NUM MUNDO EM TRANSMUTAÇÃO E SUBLEVAÇÃO…

27 Nov

Por certo muita gente já verificou, que habitamos num período que aceita como um dado adquirido que os valores humanos patentes estão em crise. Naturalmente, e em todas as épocas, sempre surgiram clamores manifestando semelhantes abalos. A nossa época, neste ponto de vista, aparenta ter assumido que se terá atingido uma crise generalizada. Ante todos os acontecimentos que revestem o mundo actual, não subsistem atualmente critérios seguros para distinguir o justo do injusto, o bem do mal, o belo do feio; tudo é relativo, subjetivo, confuso e duvidoso.
A maior parte dos países, particularmente os europeus, estão mergulhados numa perigosa crise económica e social, mas ao mesmo tempo numa profunda crise de chefias, que são incapazes de romper novas perspectivas, de projetar países com futuridade, fortalecidos, verosímeis, onde os seus cidadãos nutram regozijo em viver.
Hoje em dia, as múltiplas lideranças seguem a corrente dos mercados do “faz de conta”, da representação, do marketing, ou seja, são cosmeticamente espampanantes, pouco lógicas, parcamente previdentes, exclamam por políticas delirantes, vociferam, mimicam, têm comportamentos extravagantes, usam palavras sem nexo e não consentem a condicionalidade do fiasco como homens.
As chefias que nos governam, normalmente são mal-educadas, passam a vida a denegrir companheiros de profissão, os seus competidores, fabricam grandes mentiras, instigam, devaneiam, colocam-se em bicos de pés, asseverando que a culpa é sempre dos outros e não sabendo fazer uso da grandeza do silêncio. As tendências destemperadas da política moderna ditam os preceitos, e os seus líderes têm de ser levianos, pouco judiciosos, pouco sociáveis, muito espetaculares nas posturas, num globo e numa sociedade que clama por sangue e os apelida de trapaceiros, mentirosos e usurários.
Efetivamente, hoje em dia, a vida pública, económica e social transfigurou-se em verdadeira “selva humana”, travestindo-se de pessoas arrogantes, sem competência, sem proficiência e sem ética. Não obstante, acredito num mundo melhor, mas confesso: a minha esperança é cada vez menor!

QUANDO A GENEROSIDADE EXISTE…

22 Nov

Quando a generosidade acontece, então, a vida pessoal se ilumina, pois “somos ricos em tudo: na confiança, na eloquência, no conhecimento da doutrina que possamos seguir, seja ela qual for, e em toda a espécie de reparos, e também, na caridade que recebestes de nós”. Propositadamente, começo por lembrar esta passagem do Apóstolo Paulo para que sejamos acordados para este sentido da generosidade. E isso, porque o nosso tempo atual precisa de reencontrar este valor, porque o mundo assumidamente “moderno”, necessitado de tantos outros valores, muito em especial, precisa do valor da generosidade como de “pão para a boca”. A propósito, e se repararmos bem, encontraremos um imenso deserto na circunstância, porque falta muito a generosidade no coração da humanidade.
Não é de admirar, que é cada vez maior o número de necessitados e de indigentes no mundo; o individualismo ou o “salve-se quem puder” é o moderno preceito que comanda a vida; a falsidade faz uma multidão de mártires; a dependência de substâncias alucinogénias cava sepulturas; a procura da vida fácil é o fundamental desejo de tanta gente; o hedonismo ou o prazer momentâneo é o pensamento comum; a evasão dos sacrifícios e de tudo o que seja ter algum penar comanda a vida; o medo do futuro e das coisas divinas faz escola em tantos lares; o medo de assumir compromissos para a vida toda também está presente por todo o lado; a irresponsabilidade face aos actos que se realizam é singular; o fazer da vida um desregramento total é pão nosso diário. Enfim, concluo o catálogo com esta conclusão, tornou-se muito familiar o não acreditar em nada e em ninguém, porque nada garante fidelidade, e hoje as coisas são e amanhã já não serão, e vice-versa. Por isso penso, que o mundo precisa da generosidade nem que seja num pequeno grupo para ser o “fermento no meio da massa”, e isso para que possa levedar…
Meus amigos, caríssimos leitores e subscritores a valia da generosidade é um caminho essencial que salva quem o segue e contribui para a bem-aventurança de todos os que benfeitorizem desse valor. A generosidade é a bondade ou a compaixão pelos outros, que emerge da vida que se inquieta com o mundo, não apenas para alguns, mas para a felicidade de todos!

QUE TODOS POSSAM DESPERTAR!

O DIREITO À INDIGNAÇÃO…

21 Nov

“Não aleijemos a pobre humanidade mais do que ela já está com tantas sacudidelas da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, de cima para baixo e de baixo para cima. Do individualismo para o colectivismo e do colectivismo para o individualismo”.
(Almada Negreiros, in “Ensaios”)

Caríssimos amigos, leitores e subscritores – penso ser necessário dizer e reafirmar, que todo o ser humano, isto é, todo o cidadão de qualquer que seja o país tem direito à indignação, logo tem o direito de denunciar aquilo que considera um insulto ao seu património e ao da sua comunidade. Lembramos aqui, que ainda é obrigação de todos zelar pelo Bem Comum, até porque este também nos pertence individualmente.
Conquanto consagrado no mundo há vários anos, todavia pouco respeitado e até desconhecido por muitas comunidades, o direito à indignação é parte integrante dos direitos, liberdades e garantias que as diversas Constituições Político-Administrativas nos garantem. Devendo, pois, ser a força motora e, por conseguinte, uma ferramenta indispensável do contributo individual para o aperfeiçoamento e aprofundamento da autêntica democracia.
Enfatizamos aqui, que tudo isso está nas nossas mãos que jamais deveremos lavar com o argumento farisaico de que não estamos para nos aborrecer.
Sei que muita gente concorda com esta visão da forma de intervirmos, enquanto cidadãos da mesma rua, do nosso bairro, da nossa cidade, deste nosso mundo…
Parece-me ser absolutamente importante defender, que um dos mais fundamentais direitos em Democracia é sentirmos indignação e repulsa pelos actos e políticas daqueles que nos governam. Há alturas em que temos direito de considerar que esses actos superam a simples manifestação de concepções de governação diferentes.
Portanto, entendo que ser humano do século XXI não pode ser uma vítima. O indivíduo deve revolucionar, construir, destronar, demolir, conceber, eleger, candidatar, questionar, pensar, agir. Assim, o direito à indignação e à construção de alternativas deverá ser sempre uma questão arrolada com o nosso direito à existência plena. Logo, a indignação é um direito que não devemos deixar de praticar. Mesmo que seja só isso.
Em suma, o direito à satisfação é tão válido como o direito à indignação e a recordação agradecida da recordação de um passado que nos faz ser sempre bem melhores!